Sim: Coeso, bem produzido e fofo, mas sem grandes passos

Sandy lançou o segundo álbum solo de sua carreira, chamado “Sim”, retomando de onde parou com sua estreia sem o irmão Júnior no disco “Manuscrito”, de 2010. Mas antes a cantora deu uma belíssima prévia do que vinha por aí, quando lançou o EP “Princípios, Meios e Fins”, de onde saíram cinco canções que integram “Sim”.

O novo disco contou com produção de Jarson Tarver e de Lucas Lima, músico da Família Lima e marido da cantora. Lucas também assina diversas letras com Sandy, além de ter declaradamente servido de inspiração para a grande maioria de faixas românticas do álbum. 

Sabemos que Sandy Leah chegou aos 30 anos de idade e tem 23 de carreira, mas a sensação é de que a artista zerou seu estes números, quando deixou de ser Sandy & Júnior para ser somente ela mesma. Em “Manuscrito” já ficou muito claro que a liberdade lhe fez muito bem. Cada momento desde então tem sido um passo em busca de evolução musical. Contudo, mesmo dentro do chamado gênero pop, o trabalho de Sandy nos deixa querendo mais. 

“Sim” foi encabeçado pelo ‘single’ “Aquela Dos 30”, autobiográfica como a maioria das canções, e responsável por despertar sentimentos ambíguos: ela soa boba - como algo que a Mallu Magalhães aos 15 anos cantaria como “Aquela dos 20” - no entanto, traz um lado bem humorado da artista, um bom arranjo e sai um pouco do tema amoroso.

“Escolho Você”, que vem logo na sequência, tem mais ou menos a mesma pegada, mas “Morada” vem e apresenta um folk com apenas um dedilhado de violão, violoncelo e voz, em que Sandy põe melodia em versos sobre um inevitável e eterno amor. 

Sandy faz muito bem o que se propõe e suavemente procura explorar outros caminhos para sua tão conhecida voz. “Sim” traz consigo a grandiosidade que uma faixa-título deve ter e, além da positividade da sua letra, é contrabalançada por um arranjo intenso e melancólico.

“Ponto Final” é uma canção que poderia ter sido dispensada do repertório. Não que a Sandy não possa fazer um pop engraçadinho e despretensioso, mas destoa do restante do trabalho. São delicadas escolhas que podem fazer toda diferença, afinal só ela sabe sobre seu esforço diário para ser vista como uma cantora adulta e madura. 

Maturidade que se mostra em “Saudade”, uma espécie de bossa jazz, com piano e violinos, na qual a cantora explora sua extensão vocal quando alcança notas bem altas, com toda sua delicadeza. “Refúgio” também merece atenção e por mais que seja uma simples balada romântica, traz uma sonoridade “antiga”, com toques à la Carole King. "Sim" é um disco coeso, bem produzido e fofo, mas não é um grande passo na carreira da cantora. 





Fonte: Território da Música

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