Entrevista: Sandy conta as histórias por trás das músicas novas do DVD “Meu Canto”

Sandy tem um punhado de músicas novas para lançar. “Me Espera”, que acumula 3,4 milhões de acessos no Youtube, é só a primeira das que estão por vir. Resultado de uma parceria com Tiago Iorc, a música é o carro-chefe do DVD ao vivo “Meu Canto”, que tem lançamento marcado para junho, com outras quatro canções inéditas. Mas “Salto”, “Colidiu”, “Respirar” e “Meu Canto”, as músicas em questão, gravadas ao vivo no fim do ano passado, em duas noites no Teatro Municipal de Niterói, no Rio de Janeiro, já estão na boca dos fãs. Sandy as canta nos shows da turnê, iniciada antes do DVD sair, e vídeos dessas apresentações são encontrados com facilidade na Internet. A galera não precisa de mais do que isso para aprender.




Uma das músicas novas, “Salto”, foi escrita pela cantora para o marido Lucas Lima. “É todinha para ele. É uma declaração de amor”. Nos shows, Sandy introduz a canção dizendo que “tem música que a gente compõe e tem música que a gente arranca de dentro da gente”. Na letra, ela mostra que, só com o amado, desce do salto, tira a maquiagem, eleva a voz e baixa o tom do português. Em seguida, sintetiza: “posso me revelar / falha e imperfeita”. Eles estão casados desde 2008 e o músico é o principal parceiro de composição dela. Até mesmo “Me Espera”, popularizada na voz da Sandy e do Tiago Iorc, tem o dedinho dele. Ou melhor, dedão.

– Eu comecei essa música com o Lucas. Era uma ideia antiga dele no violão, um riffizinho no violão. A gente foi viajar para as montanhas no sul de Minas para tentar trabalhar um pouquinho, para tentar compor… e foi! Ficamos dois diazinhos lá e, numa tarde, num momentinho assim do dia, a gente desenvolveu a música em dez minutos, parou num certo ponto e falou: “vamos mandar isso aqui para o Tiago, porque acho que ele vai fazer uma contribuição linda”. A gente estava vendo que a música estava ficando legal. Eu e o Lucas gostamos muito das composições do Tiago e decidimos: “é essa que tem que ser para cantar com ele”. A gente mandou, ele adorou, e aí a gente foi trocando essa figurinha por mensagem, por e-mail, e depois ele veio pro estúdio e a gente a gravou junto. – conta ao POPline, nos bastidores de um show no Vivo Rio, no Rio de Janeiro.



Desde que se tornou mãe, há quase dois anos, Sandy teve que adotar novos métodos de trabalho. Ócio criativo não existe com criança pequena em casa. Ela diz que o filho, Théo, dominou sua vida e mudou suas prioridades. “Eu me importo menos com certas coisas, porque o tenho. A gente começa a dar valor às coisas certas”. Em 2015, a cantora, que trabalha desde os sete anos, confessou que, após o nascimento do filho, sua vontade foi de “largar tudo”. Na primeira vez que foi fazer o programa “Superstar”, saiu de casa chorando: era a primeira vez que se afastava dele por tanto tempo. Essa experiência no programa, aliás, a motivou a voltar a compor e cantar. Até então, ela se dizia sem inspiração, focadíssima na criança. Do trabalho na Globo, saiu a música “Respirar”, composta com Daniel Lopes, da banda Reverse, que ela conheceu entre as competidoras do programa. Mas o processo não foi tão fácil assim. Para produzir, Sandy tem que se forçar a criar momentos para isso. Tem que marcar na agenda.

– Tanto é que, no ano passado, fui fazer esse retiro de dois diazinhos com o Lucas, e a inspiração veio do nada. Graças a Deus, veio. “Morada” foi assim também: a gente estava no mesmo lugar, nas montanhas. A gente precisa parar para fazer. Não é uma coisa assim “deixa fluir”, sabe? Eu até tenho ideias de letras, coisa que paro e escrevo no celular, com o que estiver na mão, mas para a gente fazer as cinco músicas desse disco, a gente teve que parar e marcar tardes de estúdio para a gente trabalhar no DVD. A gente fez isso, umas três, quatro vezes, tardes em que eu e o Lucas sentamos no estúdio e falamos: “agora vamos ficar aqui sozinhos”. Deixamos o Theo com minha mãe e ficamos no estúdio.



“Meu Canto”, a música que dá título ao trabalho novo, tem uma curiosidade: uma citação de Carl Jung, fundador da psicologia analítica (chamada de junguiana). Bastante significativo para uma artista que, aos 17 anos, prestou vestibular para Psicologia (e passou, mas trancou). A referência se faz presente nos versos “pois quem olha pra fora sonha / e quem olha pra dentro desperta”.

– Eu adoro essa frase, sempre gostei muito, e o Lucas sabe disso. Eu tinha essa frase no meu quarto quando ainda morava com meus pais. Tinha um decalque pregado na parede. Aí eu e ele estávamos fazendo a música, e o Lucas trouxe essa ideia. Ele que lembrou da frase e falou “acho que tem tudo a ver”. Eu falei “Meu Deus! Perfeita!”. Encerrou a música, né? Selou a coisa toda!

Lucas, como se vê, desempenha um papel fundamental no repertório da estrela. Às vezes, tentar conhecê-la melhor pelas músicas pode induzir ao erro. “Colidiu”, por exemplo, traz versos como “e nessa longa biografia de enganos / você é o erro que eu insisto em cometer” e “você não era o homem dos meus sonhos / porque me faltava imaginação”. Seria outra declaração para o marido? Seria Lucas tão diferente assim do que Sandy sonhou para sua vida? Bem, não é por aí.


– Não! Não, não, não! Para falar bem a verdade, essas partes da letra que você citou, ele que fez (risos). Ele fez a maior parte da letra dessa música. Eu nem sei de onde ele tirou essa ideia. Ele trouxe a ideia da música, fez a maior parte da letra, e eu só complementei algumas coisas e ajudei na melodia. Essa música é mais dele do que minha (risos). Não tem nada de autobiográfica!


“Meu Canto” é o quarto álbum da carreira solo da Sandy (considerando os de estúdio e os ‘ao vivo’). Com o irmão Junior, foram outros 16 discos, com mais de 17 milhões de cópias vendidas – uma história que o Brasil inteiro conhece do início ao fim. Sandy cresceu na TV, aos olhos do público; teve que lidar com o fetiche nacional por sua virgindade; e, mais recentemente, dar explicações por não querer expor o filho nas capas de jornais e revistas. As pessoas a viram sem dente, então se sentem íntimas, com direitos, quase com raiva por sua decisão. Mas ela sempre prezou pela privacidade (a procure no Snapchat – e não a encontre). A discussão midiática sobre sua vida sexual lhe ensinou, há muitos anos, há impor limites, na marra. Em “Salto”, aquela música escrita para o marido, ela canta no refrão: “me decifra e me traduz”. Mas é só para ele. Mesmo com 26 anos de carreira, não dá para dizer que se conhece Sandy Leah Lima, a pessoa física por trás da artista. Essa é para poucos.

– É verdade. Você está certo! É… Eu acho que é muito difícil você conhecer uma pessoa pelo que ela é na televisão, pelo trabalho dela, apesar que eu sempre fui sincera. Eu não minto em entrevista. Aliás, eu falo pra caramba. Você me pergunta uma coisa e eu faaaaaalo, eu desenvolvo, eu dou detalhes. Eu sou muito aberta mesmo, quando não passa de um certo limite, claro. Mas tem que conviver com uma pessoa para você conhecer, para você achar que conhece uma pessoa. É isso. Apesar de eu ser muito sincera, tem muitas coisas que também ninguém nunca se interessou em saber, eu acho. E não tem como saber só com eu fazendo um trabalho, dando entrevista ou indo à televisão. Isso é só convivência mesmo. Mas, assim, eu acho que sou próxima ao que os fãs acham que eu sou. Os fãs que me conhecem de verdade, que me conhecem mais, que são mais ligados no que eu faço, nas entrevistas que eu dou. É diferente do que o geralzão acha: as pessoas têm muito uma imagem antiga na cabeça, muitos paradigmas para serem quebrados e tal. Mas os fãs, fãs mesmo, acho que eles conhecem até que bem.




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